Hoje tivemos uma aula teórica na Yoga,
durante ela a professora transmitiu conhecimentos sobre as normas éticas da Yoga,
e a verdade é que essa aula pareceu ter sido feita para mim. Enquanto a
professora explicava cada uma das normas eu pensava: O que estou fazendo com
minha vida???
Ando com meus pensamentos muito agitados
desde que eu e o Lucas terminamos, estou sentindo muita dificuldade para
aquietar minha mente, focar nos meus estudos ou mesmo meditar. Existem muitas
palavras em minha mente que ficam passando e repassando, muitas palavras
engolidas que gostaria de colocar pra fora, e toda vez que penso nelas meus sentimentos
transbordam e assim escorrem pelos meus olhos.
Eu já estava decidida, iria escrever uma
carta e entregar a ele. De uma vez por todas faria com que tais palavras
chegassem a quem elas são objetivadas. Eu estava ciente de
cada uma dessas palavras e do impacto que isso traria na vida do outro, pois
elas vinham de forma agressiva e na intenção de machucar, mesmo que sendo
postas de forma bonita no papel. Já tive uma seção em que a Réa me ajudou a
perceber como as utilizo, e dessa vez eu sabia exatamente como estava
pretendendo usá-las.
Depois da referida aula eu consegui
enxergar com mais clareza, ver além daquelas palavras destrutivas. Eu consegui
entender o que estava fazendo e me desprender dessa ideia de que ele teria que
entender o quanto eu estou sofrendo, que afinal de contas era esse o objetivo
central da carta. A verdade é que se ele é realmente uma pessoa boa ele sabe o
quanto estou sofrendo e assim como eu ele não está bem com isso, se eu enviasse
a carta só o faria sofrer mais. E se ele não for a pessoa que eu penso que é,
só irá alimentar as sombras dentro de si. Mas acima de tudo eu percebi que cada
vez que pensava, cada vez que iniciava a formular a carta em minha cabeça, quem
sofria mesmo era eu, e somente eu. Eu estava me submetendo a relembrar os
momentos mais intensos de nossa relação, bons ou ruins, eu estava me agarrando
em algo que já se provou inúmeras vezes que não deve ter continuidade.
Aparigraha
Com a certeza a norma que mais me chamou
atenção foi Aparigraha. Já tem um tempo que venho junto com a Réa tentando
trabalhar o desapego, e que apesar da grande dificuldade que encontro no meu
percurso, percebo que pouco a pouco vou evoluindo. Desde criança sempre fui muito
apegada às pessoas e coisas que julgava serem minhas, e sofro de mais quando
percebo que não tenho controle sobre elas.
Durante meu relacionamento não foi nada
diferente, cada vez que o via se afastar era uma dor insuportável, como se
alguém estivesse arrancando uma parte de mim. A separação me afetava de mais,
meu corpo adoecia. Gastrite, diarreia, vomito, insônia, falta de fome, dores de
cabeça, entre outros sintomas que apareciam para me lembrar de que ele não
estava mais por perto. Minha cabeça fez um ótimo trabalho para me manter junto
a ele, mesmo que fosse através da dor que restou.
Para que esse relacionamento realmente
acabasse e que eu pudesse enfim me desapegar da presença dele precisei
anteriormente de 04 tentativas. Ainda está difícil, a fome nem sempre se
apresenta, o sono também some em alguns momentos, mas estou em pé, e
caminhando. Procuro não olhar para trás apesar de ter alguns momentos muito
difíceis, às vezes caio na dor insuportável que as lembranças me trazem, mas
sinto que estou evoluindo, pois eu levanto e continuo minha estrada.